Com o recente lançamento de Greve humana: por uma prática da liberdade, do coletivo feminista de arte conceitual Claire Fontaine, decidimos dar vazão aos aspectos da "curadoria" editorial que realizamos na seleção dos títulos a serem publicados. Por isso, este Combo torna evidente a relação direta com outro livro, também lançado recentemente, Não existe revolução infeliz: por um comunismo destituinte, do intelectual de pés-descalços italiano Marcello Tarì.
Claire Fontaine se apoia na expressão "greve humana", surgida da leitura das práticas dos feminismos italianos autonomistas de 1970, e constrói paulatinamente um conceito propositivo da paralização ao longo de 20 anos. Conceito este diretamente ligado a uma importante referência, a irrepresentável personagem de Bartleby, o escrivão, de Herman Melville. Enquanto Marcello Tarì, para pensar o "poder" ou a "potência destituinte" a fim de propor um "comunismo da destituição", parte de múltiplas concepções políticas sobre a prática da greve, pois compreende que entre a "greve política" e a "greve de massa", discutida anteriormente por Walter Benjamin, há, o que ele também deseja alcançar: a "greve destituinte", sem a qual não pode ser pensada se não conjuntamente com a "greve humana" de Claire Fontaine.
Este combo é pensado para aqueles que se apercebem de detalhes e que sabem, mesmo que inconscientemente, que no detalhe é que mora o melhor da invenção! Nós apenas o tornamos possível.
* Acesse a Descrição e a Ficha Técnica do COMBO para mais informações dos livros.
COMBO SINTOMA GREVE — Não existe revolução infeliz + Greve humana
COMBO SINTOMA GREVE
— Marcello Tarì e Claire Fontaine
Não existe revolução infeliz: por um comunismo destituinte, Marcello Tarì
Neste livro, Marcello Tarì desafia o status quo ao repensar radicalmente a tradição dos movimentos revolucionários em meio à crise civilizacional que assola o mundo contemporâneo. Para isso, o autor revisita momentos cruciais, desde a Revolução de Outubro até os movimentos sociais mais recentes, como a insurreição argentina de 2001 e o Occupy Wall Street, e como eles identifica uma urgência criativa e disruptiva que permeia nossa era.
Greve humana: por uma prática da liberdade, Claire Fontaine
Nesta edição de Greve Humana, diferente das duas antologias publicadas em 2020 pelas casas editoriais Diaphanes (França), e Semiotex(e) (EUA), há oito textos inéditos, escritos de 2020 a 2024, além da produção de 2004 a 2020. O interesse é que a antologia possa ser percebida como uma primeira tentativa de gerar a ontologia do conceito de greve humana, apropriado das lutas feministas autonomas da Itália de 1970. Além disso, mesmo que todos os 46 textos se organizem em ordem cronológica, é passível reconhecer que uma tríade de sustentação no seu sistema de saberes é, também, uma prática da liberdade de Claire Fontaine: o reconhecimento do ready-made como um ser que habita nosso fazer inconsciente diante da racionalização neoliberal; a relação cada vez mais simbiótica entre o artista, sua representação e obra, e a instituição que o faz circular, sempre mercadológica; e, por fim, as asseverações e proposições criadas no calor da hora das mudanças econômicas e das revoltas atuais. As três frentes são, em comunhão, a metodologia editorial brasileira, criada para gerar certo direcionamento, mas, principalmente, a contextualização necessária ao ambiente político e artístico do país.