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 CONTEÚDO 

PARA ONDE VÃO AS BANCAS? - Perspectivas de um tradicional jornaleiro no centro de SP — Silvestre



Retrato por ivimaigabugrimenko


Silvestre, ou mesmo, como é mais conhecido, Silva da banca, comanda a Banca Corredor Cultural há mais de 20 anos, que além dessa tem outras bancas, espalhadas pela cidade. A banca da praça é conhecida pela receptividade e o carisma de seu dono, por ser ponto de encontro de vizinhos - um salve pro Clube da Banca, que reúne um pessoal na banca há uns bons anos- e pessoas que trabalham no entorno. A banca trabalha com os livros da GLAC, além de quadrinhos, livros de literatura, teoria política, história de lutas populares, além dos itens que geralmente são encontrados em bancas de revista, como jornais, publicações de moda e decoração e palavras-cruzadas. A Banca Corredor Cultural está localizada na praça Dom José Gaspar, no centro da cidade de São Paulo, em frente à Galeria Metrópole e próxima da Biblioteca Mário de Andrade, a mais importante da cidade.


A seguir, Silva dá sua perspectiva sobre a situação das bancas de jornal diante da escolha entre transformação ou extinção do seu mercado, das revistas, dos livros, ou seja, do mercado editorial como um todo.


(Este texto de apresentação foi adaptado de quadrado círculo)





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Talvez eu seja um educador mal educado e sem canudo, por 3 décadas venho negociando informações, sejam elas jornais, revistas, livros etc.


Porém, quiçá, muito provavelmente, meu ofício está com os dias contados.


Acredito que Banca de Jornal seja o último bastião antes que tudo vá por águas abaixo e isso já vem se concretizando ha algum tempo.


Em 2013, após uma luta de anos foi aprovado pelo prefeito Haddad uma lei que amplia a lista de produtos vendidos nas bancas de jornal, como salgadinhos, bebidas, eletrônicos etc.

Por falta de alternativas, as bancas se transfomaram em lojas de conveniência e o que menos têm são jornais, revistas e livros.


De acordo com dados da municipalidade, existiam 4,5 mil bancas de jornal na cidade de São Paulo, em 1996 – em 2024, são 2.426 bancas e as poucas passam por transformações devido ao baixo nível de leitores, em algumas bancas o que se vê são produtos que não denominam o ofício.


Estipulasse que o ofício de jornaleiro no Brasil tenha 150 anos e era comercializado por escravos que gritavam as principais manchetes nas ruas, mas a banca de jornal foi criada por um imigrante italiano chamado Carmine Labanca, no largo do Catete no Rio de Janeiro, e foi de grande importância na formação cultural brasileira.


Mas, a degradação intelectual na população brasileira faz com que, em dias de hoje a sobrevivência do ofício caia num fundo profundo sem fim.


Esse ofício em terras brasilis não tem como perpetuar pois pesquisas do Instituto Pró-Livro confirmam que o brasileiro lê pouco. São 77 milhões de não leitores, dos quais 21 milhões são analfabetos. Já os leitores, que somam 95 milhões, leem, em média, 1,3 livro por ano. Incluídas as obras didáticas e pedagógicas, o número sobe para 4,7 – ainda assim, baixo. Os dados estão na pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, feita com 5.012 pessoas em 311 municípios de todos os estados em 2007.


Em meados dos anos 90 os grandes do mercado do livro estava se matando e eu vi.

Era um tal de megastore pra cá, outra megastore pra lá que era uma beleza, as livrarias se transfomaram em grandes lojas, e o que menos comercializavam eram livros.


Pois bem, nos meados dos anos 2000 os castelos começaram a desabar, o auto golpe já havia se planejado desde os meados dos anos 90.


Toda expressão de ajuda do capital é de ser contestada, quiçá abolida, pois quem dá o pão, dá o castigo.


As grandes marcas se apropriaram dos espaços destinados ao produto de origem, decretando assim a derrocada das chamadas megastores.


Contudo, para quem não está subsidiado pelo governo, a corda está no pescoço.


A burguesia que nunca deu importância aos menos letrados ditou esse abismo, as livrarias foram como cordeirinho ao encontro do lobo.


Isso não é novidade e vemos desde o século XVIII, com Marx, quando a Gazeta Renana rende-se covardemente à ordem autoritária.


Hoje em dia vemos bancas de jornais seguindo o mesmos caminhos das megastore, o que menos se vê são revistas.


Fica um futuro duvidoso.



Siciliano acabou

Saraiva está no fim

Cultura está falindo

Tenho dó da martins

A coitada da Fenac

Também decretou o fim


Umas ou outras sobrevivem

Com ajuda do governo

Esse negócio de vender livro

Não está dando mais dinheiro

Amazon transformou o ofício

Não sobrou nem pro jornaleiro


Editoras subsidiadas

Atoladas devendo o governo

Gráficas todas paradas

Me bate um desespero

Eucalipto era pra papel

Agora vira espeto


SDB

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